Tratamento da obesidade: o que mudou nos últimos anos?
- Dra Raquel Viergutz Endocrinologista

- 22 de jun.
- 2 min de leitura
Por muito tempo, o tratamento da obesidade foi resumido a uma fórmula simplista: “comer menos e se exercitar mais”.
Mas quem convive com o excesso de peso sabe que a realidade é muito mais complexa.

Hoje, a ciência já reconhece a obesidade como uma doença crônica, multifatorial e que exige abordagem individualizada e contínua. E felizmente, os últimos anos trouxeram avanços importantes — especialmente no entendimento do metabolismo e no desenvolvimento de novas medicações.
Neste post, vou te contar o que realmente mudou no tratamento da obesidade e por que isso representa uma nova era para quem busca saúde e qualidade de vida.
⚖️ Por que tratar a obesidade como doença?
A obesidade não é apenas uma questão estética. Trata-se de uma doença crônica, inflamatória e progressiva, que pode estar associada a várias outras condições, como:
- Diabetes tipo 2
- Hipertensão
- Apneia do sono
- Doença hepática gordurosa (esteatose)
- Problemas osteoarticulares e cardiovasculares
Entender isso é fundamental para abandonar a ideia de “culpa” e adotar uma visão mais respeitosa, acolhedora e científica sobre o peso corporal.
🔍 O que mudou no tratamento da obesidade?
1. Foco no tratamento contínuo e sem culpa
Hoje sabemos que a obesidade não tem cura definitiva, mas pode (e deve) ser controlada — assim como o diabetes ou a hipertensão. A abordagem atual foca em melhorar a saúde global do paciente, mesmo que a perda de peso não seja o único indicador de sucesso.
2. Uso de novas medicações seguras e eficazes
Nos últimos anos, surgiram medicações inovadoras que atuam diretamente nos mecanismos que regulam o apetite, a saciedade e o metabolismo:
- Agonistas de GLP-1 (como Semaglutida e Tirzepatida): promovem saciedade, reduzem o apetite, ajudam no controle glicêmico e favorecem uma perda de peso significativa e sustentável.
- Combinações com outros hormônios intestinais: estudos recentes mostram resultados ainda mais promissores com novas formulações em desenvolvimento (Retatrutida, CagriSema).
Essas medicações não são para todos os casos, e o uso deve ser sempre individualizado e com acompanhamento médico.
3. Abordagem multidisciplinar
O tratamento da obesidade hoje envolve muito mais que uma dieta. A equipe ideal inclui:
- Endocrinologista
- Nutricionista
- Psicólogo ou terapeuta
- Educador físico
Essa abordagem integral melhora a adesão e trata os diversos fatores envolvidos no ganho e na manutenção do peso.
4. Reconhecimento da regulação biológica do peso
Hoje se entende que o corpo tende a resistir à perda de peso, ativando mecanismos que aumentam a fome e reduzem o gasto energético. Isso explica por que tantas pessoas recuperam o peso perdido com dietas restritivas.
O tratamento moderno busca modular esse sistema de forma duradoura, sem estimular o efeito sanfona.
A obesidade não é uma falha de caráter. É uma condição médica complexa, que precisa de acolhimento, ciência e estratégia.
Se você sente que já tentou de tudo e ainda assim não consegue resultados duradouros, não desista. Talvez falte uma abordagem mais profunda e atualizada, feita com respeito ao seu corpo e à sua história.



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